QUERIDA RAFAELLA... COMO A SAUDADE DÓI !!!

      " Minha amada família ... como medir o tempo?   Como medir a distância ?
         Como medir o amor ?
        O tempo me confunde... ás vezes me parece que faz muito tempo que estou
        do lado de cá ... outras vezes me parece que tudo aconteceu ontem.
        A distância então é mais confusa ainda.... Há momentos em que estou entre
       vocês aí na terra. Ouço o que falam. Tudo parece tão perto, mesmo estando
       em mundos diferentes. Mas vocês não me ouvem, ainda que eu grite, e aí
       tudo parece estar tão distante... Estamos separados por paredes de vidro...
       Agora o amor... só faz aumentar. Até mágoas de antes, numa nova compreensão
      se deixam vestir de amor e deixam de existir. É como passar a página, no livro da
      vida e começar tudo de novo. Uma saudade, marcando a presença de cada um
      dos que aí deixei, chega a doer no peito. Uma vontade de abraçar... espantar a tristeza
      e ver todos sorrindo cheios de esperanças.
      Ah! querida Rafaella... como a saudade dói!
      Obrigada, minha neta, por encontrar este caminho, onde alguém do mundo terreno
      consegue me ouvir e escreve para mim estas palavras que tanto me confortam.
      Sinto uma serenidade muito grande, só em saber que vocês vão saber que eu estou viva,
      estou bem amparada e que na Colônia do Sol Nascente, onde estou por um período
      de tratamento necessário à minha recuperação espiritual, acredito que encontrei um
      pedacinho do céu. Ainda não ouvi nenhuma referência aqui com relação ao inferno.
      Chego a pensar, comigo mesmo,  que o inferno pertence mais ao mundo terreno, do que ao mundo espiritual. Será ???  É o que me parece.
      Sou orientada e acompanhada, nesta comunicação ... por isso vou parar por aqui.
      Se eu pudesse, iria nesta cartinha, para sentir o abraço de cada um ... no aconchego da família
      que aí deixei.  Fecho os olhos e deixo-me levar. Quero visitar vocês no Natal ... me
      aguardem a presença ... sem medo de minha presença... Eu posso estar na brisa que
     brinca nos arvoredos, que adentra o ambiente fechado e vai embora, sem que ninguém saiba de onde veio ou para onde vai ... Saudades, com muito amor  da mãe e vó

                                                                                            Aparecida