quarta-feira, 23 de novembro de 2016

UM AMIGO PARA NUNCA ESQUECER


     Dionísio Lopes da Silva.
     26 anos de saudades e boas lembranças.
    Eu o conheci em Palmelo, onde ele já morava quando eu cheguei de mudança.
    Era amigo fiel e prestativo de Jerônymo Cândido Gomide.
    Trabalhava com madeira, fazendo telhados de casas, furava cisternas, conhecia plantas medicinais.
    Embora o conhecesse de vista, nos tornamos amigos após 18 anos que eu já residia na cidade.
    Idoso, doente e não podendo mais trabalhar, fui visitá-lo pela primeira vez, após chegar de uma viagem a três leprosários em São Paulo. E lamentei não o ter feito antes. Dona Jerônima, sua esposa e todos os seus seis filhos sempre me receberam muito bem e a nossa amizade foi cultivada com preces, atividades fraternas em favor do próximo, pensamentos e poemas inspirados no Evangelho de Jesus. Eu sempre o visitava na quinta-feira, às três horas da tarde.E ele me esperava com alegria, para que eu colocasse no papel, o que ele guardava na mente, da inspiração poética semanal
     Nos momentos difíceis, que enfrentei como Diretora do Sanatório Eurípedes Barsanulfo, ele orava pedindo a Deus para que tudo se resolvesse da melhor forma possível. E foi nessas orações que ele intercedeu por mim e por Aline Mariana, minha filha do coração. A bondade de suas preces era de comover. A sua resignação diante da Hanseníase, era de admirar. A sua paciência, no dia a dia, se tornou exemplo para todos que o conheciam e conviviam com ele.
    Ele não chegou a conhecer a Aline Mariana. Ela nasceu no dia 20|11|90 e ele desencarnou no dia 23|11|90. Tudo aconteceu conforme ele previu.
    No  mês  de abril do mesmo ano, quando lhe contei, numa das visitas de quinta-feira, que uma das internas do Sanatório havia feito uns exames, nos quais se constatou que ela estava grávida de dois meses e que ela disse que o bebê seria meu, ele não disse nada, mas chorou.
    Na próxima visita, ele me disse, que a criança ao nascer seria minha mesmo. Que eu me preparasse para recebê-la, e que ele ia pedir a Deus a proteção necessária para que toda família  a aceitasse. E que ele só ia esperar ela chegar, para então partir do mundo terreno. Ele a deixaria no seu lugar e partiria em paz, por saber que eu não ia ter tempo para chorar.E que eu a amasse muito.
   Ah! senhor Dionísio, o senhor não sabe o bem que me fez e faz.
   Aline Mariana, não lhe conheceu, mas tem no senhor um padrinho espiritual.
   Onde quer que o senhor esteja, neste caminhar evolutivo, receba as minhas preces e flores de gratidão e siga fazendo o bem , que faz a diferença, na vida de cada um que compartilha  da sua presença.
    Eu sempre vou me lembrar do senhor. Muita paz!

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