terça-feira, 10 de maio de 2016

RECORDANDO UMA AMIGA

     Toda boa amizade nos faz bem,
     Podemos cultivá-la no dia a dia de nossa caminhada terrena, ou cultivá-la na saudade que se faz lembrança.
     Hoje, dez de maio, recordei-me, com saudades, de uma amiga que há onze anos fez a grande viagem, mudando-se para o mundo espiritual: dona Julieta Régis dos Santos.
     Quando ela chegou em Palmelo, com o seu esposo Genésio e filhos, eu já morava nesta cidade.
     Logo, nos tornamos amigas. E eu a admirava pelos gestos de amor com que ela foi capaz de se doar, abrindo as portas do seu coração e do seu lar, para oferecer o melhor do que ela podia dispor.
     Sempre pronta para servir, recordo-me de vê-la, na porta do Centro Espírita Luz da Verdade, com seu vestido branco, sempre sorridente, recebendo, cumprimentando a todos os frequentadores e até oferecendo um agrado às crianças, a quem cativou com o seu carinho. Muitas crianças pediam as suas mães que as levassem ao Centro, para verem a dona Julieta.
     Era muito procurada para ajudar espiritualmente, fosse com um conselho, fosse com um passe.
    Assim sendo acabou criando um Centro, próximo a sua casa para atender aos que a procuravam.
    Visitava os presos, na Cadeia Pública, sempre levando alimentação e ajudando a eles e a família deles, no que pudesse.
    Foi Vereadora em Palmelo e sempre trabalhou em favor da causa social.
    Os muitos anos que viveu em Palmelo foram dedicados ao trabalho no bem.
   Quando eu estava na direção do Sanatório Eurípedes Barsanulfo, e enfrentando momentos de muitas dificuldades, entristecida com a situação eu me dirigia a pé até a Instituição, sem saber o que fazer, me encontrei com dona Julieta. Ela parecia esperar por mim. Assim que me viu, veio ao meu encontro, me abraçou e me disse palavras tão confortadoras, me tirando daquela tristeza. Fomos andando juntas. Ela me acompanhou até a porta do Sanatório, onde ela me disse: - Coragem e fé. Tudo vai passar. Não desista desta luta que ainda é sua. O pessoal aí de dentro precisa de você. Se dedique a eles e não se magoe com o que o pessoal aqui de fora anda a dizer. Eu peço a Deus que te abençoe.
                 E Deus abençoou. Deu tudo certo.
                                                                           Obrigada, dona Julieta.
                                                                                   Que Deus lhe abençoe, onde a senhora estiver.

      Encontrei um texto, de autor desconhecido, que fala de Partida e Chegada.
      Quando observamos da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar a dentro, impelido pela brisa matinal. estamos diante de um espetáculo de beleza rara.
      O barco impulsionado pela força do vento, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor. Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.
      Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará:
       - Já se foi. Terá sumido?  Evaporado?
       Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.
       O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.
       O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato instante em que alguém diz " já se foi ", haverão outras vozes, mais além, afirmando; " lá vem o veleiro ".
       Assim é a morte.
      Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor, de alguém querido, de alguém que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: - " já se foi ". Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. o ser que amamos continua o mesmo,  suas conquistas persistem no mistério divino. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita. E é assim que no mesmo instante em que dizemos: - já se foi, no além, existe alguém que estará a dizer: " já está chegando ".
     A vida é feita de idas e vindas, de partidas e de chegadas, de choro e de risadas,
                    de convivência e de saudades...
    Por isso, dona Julieta, quando nos despedimos da senhora, tristes por vê-la partir, buscamos forças na compreensão espiritual e nos alegramos em saber, que em algum lugar a senhora era esperada. E que neste lugar a senhora continuaria fazendo alguém feliz por tê-la encontrado.
        Deus nos abençoe a todos, encarnados e desencarnados.
 .
   

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