segunda-feira, 2 de maio de 2016

FIAT GLS - 147

     Veio para a família Damo em março de hum mil, novecentos e setenta e nove.
     Branco. Todo equipado. Farol de milha. Lindo. Chamava a atenção.
     Como foi adquirido?
     Quando Bortolo Damo lecionava no Ginásio Eurípedes Barsanulfo, ( hoje, Colégio ), não era contratado. Lecionava História e Geografia.
     De hum mil, novecentos e sessenta e três até hum mil, novecentos e setenta, vez ou outra o Ginásio recebia uma verba conseguida a pedido do senhor Jerônymo Candinho, com alguns políticos da época. Esta verba era repartida com os então professores do Ginásio.
     O Damo recebia a sua cota e aplicava parte dela, em prazo fixo de seis meses, no Banco Nacional, em Pires do Rio, Goiás. Renovava o investimento a cada vencimento
     Em hum mil, novecentos e setenta e sete, um empresário, amigo do Damo que morava em Brasília, lhe pediu o empréstimo deste dinheiro, que estava perto de se renovar no Banco. Após combinação feita, o dinheiro foi retirado do Banco, no seu valor total e a partir de então, o Damo receberia em parcelas mensais a restituição do valor emprestado.
     Tudo caminhou conforme o previsto, até um certo tempo.
     O empresário não conseguiu ir em frente, com a sua indústria de saquinhos de papel e decretou falência O plástico começava a ganhar espaço nas embalagens.
     Considerando sua amizade pelo Damo, lhe propôs pagá-lo com um carro, retirado da Concessionária, cujo financiamento ele já vinha pagando, numa forma de Consórcio.
      Aceita a proposta o Damo foi em Brasília buscar o FIAT. Desde então, ele está na família.
      Foi o único bem que o Damo deixou ao desencarnar, materialmente falando.
      Ainda anda. Só em Palmelo. Eu o considero um patrimônio de família e um ¨veículo ¨palmelino. Tem muitas histórias para contar. Já transportou muitas dores para serem aliviadas. Muitas gestantes para darem a luz em cidade vizinha. Muitos recém-nascidos aos seus pediatras. Muitos idosos para consultar ou para receberam suas aposentadorias. Muitos enfermos após a alta hospitalar. Muitas viagens para socorrer ou atender alguém necessitado. Nunca recebeu nada por isso, em se tratando de pagamento. Seu porta-malas. era um verdadeiro armazém. Tinha cestas básicas para atender necessidades mais urgentes.
      É um carro a serviço do bem. E muitas vezes surpreende: - anda até sem gasolina.
      Por cinco anos ficava estacionado na porta da casa, debaixo de uma árvore, cuja sombra era sempre disputada por outros carros, quando ele saía. Cedeu a sua garagem para os carros da família. E já se tornou uma marca, no lugar onde estava. Sua presença ali era como se dissesse sem palavras: - ¨  pode contar comigo. Estou aqui para lhe servir¨.
    Contribuiu com muitos momentos de alegria para os filhos e netos.
    E me levava onde eu precisasse ir.
    Foi o único carro que tivemos.
    Obrigada FIAT. Tenho muita gratidão por tudo que nos foi proporcionado por seus serviços.
    Pensava em conservá-lo, enquanto vida eu tivesse aqui na terra.
    A ferrugem, no entanto, começou a destruí-lo.
    Com  a minha  saúde fragilizada, não me via em condições de cuidar da sua manutenção.
   Foi quando meu sobrinho Tiago Arantes Campos manifestou o interesse de adquirir e cuidar da restauração e manutenção do Fiat. Com o acordo da família Damo, Tiago passou a ser o proprietário do FIAT, que se mudou para Pires do Rio e já veio a Palmelo, como se novinho fosse.
    Fico feliz em saber que este carro tem recebido a  devida atenção, e que vai continuar como uma relíquia dos que conhecem a sua história. E muitas outras histórias, para o futuro, vai ter para contar.








   

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