segunda-feira, 25 de abril de 2016

COMO CHEGUEI A PALMELO

     Cheguei em Palmelo, pela primeira vez, no dia onze de janeiro de hum mil novecentos e sessenta e nove. Dia chuvoso e triste. Eram quatorze horas.
     Vinha de Monte Alegre de Minas, Minas Gerais, minha terra natal.  Juntamente com meus pais: Alceu Arantes e Maria Martins Arantes, e minha irmã Nara Arantes, fizemos a viagem na Kombi do senhor Nenen Chapetuba, que transportava pessoas para Palmelo, em busca de tratamento espiritual.
     Eu tinha dezoito anos e havia terminado o Curso Normal, me formando como professora.
     Esta viagem não era fácil, embora o senhor Nenen a fizesse com regularidade.
     Com uma distância de trezentos quilômetros, com pequeno trecho numa BR, a maior parte da estrada além de não ser pavimentada, se apresentava em precária situação. Enfrentava-se ou muita poeira ou muita lama, dependendo do período em que se fazia a viagem.
     Particularmente, eu não queria ir para Palmelo.
    Preferia ter ido para Quirinópolis - GO, na casa de meus queridos avós maternos: Joaquim e Celina, onde sempre passava as minhas férias.
    Mas, em obediência a meus pais, fomos todos para Palmelo, acompanhando minha mãe que desde outubro de hum mil novecentos e sessenta e oito, havia iniciado um tratamento espiritual, com bons resultados.
    A chegada em Palmelo foi triste, assim como a viagem, na qual chorei várias vezes. Não sei se por causa do dia nublado e chuvoso, se pelo aspecto da cidade - fazenda, se de mêdo dos espíritos ou porque inconscientemente eu já sabia que estava indo para ficar.
    Nos hospedamos no Hotel Globo, onde permanecemos até o mês de março, quando então retornamos a Monte Alegre de Minas. No Hotel Globo, fomos sempre muito bem recebidos pela dona Lourdes, dedicada trabalhadora em Palmelo, pelo seu esposo Walter e todos os seus filhos: Gilda, Sônia, Rosângela, Waltinho, Joana, Samuel e Madalena, ainda menina.
     Conheci o Damo, médium na cidade já havia alguns anos.
     Percebi de imediato, algo diferente, como se houvesse um compromisso entre nós.
     Um ano, após esta viagem, eu e o Damo nos casamos na minha cidade natal e eu fui morar em Palmelo, onde estou até hoje. Bortolo Damo tinha quarenta e quatro anos. Eu tinha dezenove.
     Constituimos nossa família e vivemos juntos por trinta e nove anos, quando então ele desencarnou com oitenta e três anos, em Palmelo.
     Passei a gostar de Palmelo, pouco a pouco e hoje agradeço a Deus por ter aqui chegado.
     Tenho muita gratidão e carinho para com a família e os amigos montealegrenses e nunca me esqueço da minha querida cidade natal, embora ame Palmelo.

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