quinta-feira, 7 de abril de 2016

2º CONTINUAÇÃO de DIONÍSIO LOPES DA SILVA, UM AMIGO ESPECIAL,

     O Sanatório Eurípedes Barsanulfo. era um departamento do Centro Espírita Luz da Verdade, e atendia doentes mentais.  Na maioria, eram doentes crônicos, outros, andarilhos trazidos pela polícia e outros que entravam e saiam obedecendo a própria necessidade. A grande parte dos internos. não tinham família presente.A média de internos era de 70 - setenta - pacientes.
      Embora fosse departamento do Centro, o Sanatório tinha um Diretor, um secretário e um tesoureiro. Por muitos anos, o seu Diretor foi Gentil  Lourenço Borges.
      Em novembro de 1.988, o senhor Gentil, comunicou a Bortolo Damo, então presidente do Centro, que iria se afastar do cargo de diretor do Sanatório, por motivo de saúde.
      Preocupado com a situação, o Damo procurava, sem encontrar, quem quisesse assumir o cargo de diretor do Sanatório.
      Visitando o senhor Dionísio, na quinta-feira, como sempre o fazia, contei a ele sôbre a saída do senhor Gentil, do Sanatório, e também a preocupação do Damo, em não encontrar o seu substituto.
       Após um minuto de silêncio, o senhor Dionísio disse: - Dona Vânia, aqueles doentes que lá estão são tutelados de Eurípedes Barsanulfo. e ele vai mandar alguém para ocupar o lugar.
       Naquele momento, senti um arrepio e como se dois olhos me olhassem intensamente.
       Quis desfazer o que senti, como se não tivesse nada a ver comigo. Mas não adiantou.
       Voltei para casa, como se estivesse vigiada por aquele olhar.
       A noite, sonhei: - o senhor Jerônymo Candinho, chegou na minha casa, acompanhado de um jovem, cujo semblante eu não conseguia fixar, e me disse, que seu acompanhante queria me entregar alguma coisa. Eu estendi a mão, e ele, o jovem acompanhante, colocou nela uma chave. E disse: - Tome conta de meus tutelados. Em seguida se foram. E eu acordei assustada. Tinha a mão fechada, como se segurasse algo. Não consegui dormir mais, naquela noite. Eu tinha muito medo de pessoa com problema mental. Como eu poderia cuidar deles? Tudo porém, era tão forte, que comecei a me convencer de que poderia mudar o medo por convívio. Disse ao Damo, que se ele não conseguisse ninguém, mas... se não conseguisse mesmo,para ficar no lugar do senhor Gentil, eu ia assumir o cargo, até ele arrumar alguém. O Damo, que conhecia o meu medo, até porque em tantos anos morando em Palmelo, eu não conhecia o Sanatório da porta para dentro,deu risadas.
        E como não apareceu ninguém, no dia 30 de dezembro de 1.988, eu assumi  o cargo de Diretora do Sanatório.   Inexperiência total. Tudo novo para mim. Fiquei na direção por nove anos
        Quando o senhor Gentil me passou o cargo, eu pedi a ele que me mostrasse a parte interna do Sanatório. Acompanhada pelo meu pai Alceu Arantes, o Damo, meu esposo e meu filho Alexandre , seguimos o senhor Gentil. Ele abriu uma porta que ligava o salão do Sanatório com o pavilhão masculino, Passamos todos pela porta e ele voltou a fechá-la.
         Cena triste e desoladora.
         Pátio pequeno, todo cimentado, sol muito quente, das 14 horas e 40 - quarenta - homens andando de um lado para o outro ou sentado se queimando ao sol. Fiquei em pânico.
 Se a porta estivesse aberta, eu teria saído correndo e desistindo de tudo.  Graças a Deus, a porta estava fechada.  Um homem, que estava do lado oposto que nós, veio correndo em nossa direção.Ao se aproximar pegou na minha mão e disse: - que bom que você veio. Foi Deus quem te mandou. Tratava-se de Valdir Cordeiro, que vim saber depois ser um dos internos mais agressivos, da Casa, e que nunca mais agrediu ninguém conforme o fazia. Naquele momento, foi como se eu desvestisse o medo e uma profunda compaixão tomou conta de meu ser, por aqueles internos. Tive vontade de me sentar no chão , fazer um cafuné em cada um, chamá-los de filhos do coração e dar a minha vida, se preciso fosse, por eles. Por isso, fiquei nove anos a serviço deles.
      Quando em visita ao senhor Dionísio, contava a ele todos os acontecimentos, e que eram muitos, ele dizia: - eu sabia, dona  Vânia, que a senhora seria a indicada. E peço a Deus todos os dias para que a senhora permaneça firme neste cargo. Aquele povo, precisa da senhora, do seu amor fraterno e cristão.
       Ah/ senhor Dionísio, o senhor abriu para mim um caminho, que nunca imaginei trilhar. O olhar que senti sôbre mim,na sua casa, com a sua fala, jamais saiu de mim. Me acompanhou por todo tempo que lá fiquei. Obrigada Senhor, Meu Deus.
       Ainda tem mais. Póximo Capítulo.

Um comentário:

  1. Estou ansioso pelo próximo capítulo... Todos os dias faço uma visita ao blog para ler as novidades e aprender. Deixo aqui, meu abraço afetuoso à senhora.

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