segunda-feira, 11 de abril de 2016

RECORDANDO UMA AMIGA

   Quando um amigo ou amiga parte para o mundo espiritual, fica sempre um vazio no seu lugar.
     Vazio este, que a saudade passa a ocupar, ressaltando lembranças boas que nunca morrem, nem se desfazem.
      Em maio de 2.013, despedi-me de uma grande amiga: Luzia Gabriel Pacheco. 89 anos.
      Desencarnou no Hospital Municipal Saulo Gomes, em Palmelo,cidade onde por opção própria passou a residir há muitos anos.
      Poucos minutos antes de deixar o corpo, estive com ela, no quarto do Hospital, onde ela me disse sorrindo:  - Ah! Vânia, se eu desencarnar hoje, vou desencarnar muito feliz. Vou desencarnar em Palmelo.
      Percebí nela uma expressão de alegria interior que independia de qualquer sofrimento que ela estivesse enfrentando naquele momento.
      Eu lh disse: - Só Deus sabe, dona Luzia, a nossa hora de ir, só Deus sabe.
      Ela me ouviu, sem me escutar e disse ainda: - só lamento não ter feito mais um par de sapatinhos para o enxoval do recém-nascido.
      Eu falei: - a senhora fez tantos pares de sapatinhos, que não há o porque lamentar. A senhora tem créditos.
      E a sua resposta, soou - me como mais uma grande lição: - MAS, HOJE, EU NÃO FIZ.
      Beijei as suas mãos e em menos de uma hora ela partiu.Lúcida até o fim.
      Dona Luzia sempre teve muito amor por Palmelo.
      Desde que se mudou para esta cidade, vindo de Brasília e do Rio de Janeiro, foi uma fiel servidora na causa do bem.
      Nunca teve a intenção de modificar nada, e sempre de contribuir no que pudesse.
      Como boa observadora que era, oferecia sugestões com a naturalidade de quem expõe uma idéia para ser refletida.   Quando a sugestão era aceita e colocada em prática, ela se omitia e parabenizava os demais.
       Era uma pessoa que ajudava sem nunca querer incomodar. Enérgica e disciplinada, tinha sempre uma ponderação a fazer, quando solicitada, e sempre com bom senso.
       Quando eu estava na direção do Sanatório Eurípedes Barsanulfo ( 1.988 a 1.997), ela me ajudou muito, sempre buscando uma alternativa positiva para contribuir com o andamento da situação, muito difícil na época.
        A primeira porta de bazar que se abriu em Palmelo, foi sob a orientação dela. Se dedicou de corpo e alma em função desta causa e que tanto ajudou o Sanatório.
        Fazia parte dos grupos de estudos da Obra de André Luiz e trouxe para Palmelo, um curso sôbre  Última Ceia, ministrado por sua irmã Ana Gabriel,que residia no Rio de Janeiro. Este curso foi muito bom e teve vinte participantes.
        No caso Sinval, o seu sentimento de amor ao próximo foi de emocionar, para quem participou dos acontecimentos.  Com o apoio da filha e do então genro na época, ela encaminhou o Sinval de Palmelo, para Brasília, onde hoje ele é um homem de bem.
         Quando assumi a dívida do Sanatório ( 1.997 ), no valor de quase um milhão de reais, ela me ajudou tanto,tanto.   Orava por mim.  Me dava esperanças.  Me confortava. Tirava mensalmente, dez reais do seu salário de aposentada , para inteirar, como dizia ela, e ajudar a pagar alguém.  Se empenhou junto ao Sinval. já casado com a Débora, e pediu a eles que doassem um lote de propriedade deles, em Palmelo,para quitar um dos credores.  E só me comunicou o fato quando tudo estava pronto, em cartório, cuja escritura já foi repassada diretamente ao próprio credor em que cuja dívida se encaixava com o valor do lote.
        Ah! dona Luzia, se eu fosse escrever tudo que recebi de sua atenção fraterna, creio que um só livro não daria..
         Por isso, ao me despedir de sua pessoa, percebi que não teria tempo suficiente para retribuir tudo que recebi.
          Os seus pequenos gestos de cada dia, me deram uma fortuna, que acredito, ainda que eu queira não posso lhe devolver.  Mas, posso agradecer. e o farei sempre.
         Então peço a Deus, QUE TUDO PODE,que lhe cerque, onde a senhora estiver, com os mimos que possam confortá-la e manter em seu rosto um sorriso de paz.  Que no seu jardim,não faltem flores, que no seu dia não falte sol, que nas suas noites não faltem estrelas e que onde a senhora estiver, haja alguém feliz por tê-la encontrado.
                             Saudades sempre.

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