Poema da Vovó

"Quando eu era bem pequena,
Com minha avó vivia a conversar,
E ela muito bondosa,
Procurava sempre me aconselhar.

Minha neta, nesta vida,
Não queira muita coisa guardar,
Porque mais dia, menos dia,
O mundo vai se acabar.

E eu criança, ficava confusa,
Com esta frase de arrasar...
Haveria de sumir tudo  que existe,
Não teria mais nem terra, nem mar?

Vovó, me diga uma coisa,
Onde a Senhora viu, esta história contar?
E ela compenetrada respondia,
Uma santa me disse quando eu estava a rezar.

E eu pensava... Que santa esquisita,
Eu não quero nela acreditar.
Pois há tanta beleza no mundo,
Como é que tudo vai se acabar?

O tempo passou, muita coisa mudou,
E a vida segue sempre a palpitar,
Renovam se idéias, mudam os santos,
E as flores nascem, é só plantar.

Hoje, penso sozinha,
Quando estou a meditar,
Só os que não creem na imortalidade,
Acreditam que o mundo vai acabar.

Recordo a infância, o medo, a ânsia,
E minha Avó que não posso mais olhar.
Ela se foi... partiu feliz? Não sei...
Talvez receosa do que foi encontrar.

Algo porém veio me surpreender,
Quando no caminho pude deparar,
Um grupo de crianças se evangelizando,
Aprendendo nova forma de amar.

Uma delas, meiga, linda, insegura,
Tia, será que o mundo vai acabar?
Perguntou me olhando nos meus olhos
E com medo da resposta que podia dar.

Lembrei me de voce, avozinha querida,
Retrato, imagem, lembrança ou voltar...
Segurei firme na sua mãozinha,
E lhe disse: o mundo nunca vai acabar.

Vão se os sonhos, ilusões e tudo mais,
Os anos se vão, num eterno bailar,
Mas a misericórdia Divina em qualquer tempo,
Nunca vai nos faltar."

Vânia Arantes Damo