terça-feira, 11 de abril de 2017
A FLOR DO MARACUJÁ
Catulo da Paixão Cearense
Ah! pois, então, eu lhe conto,
A estória que eu ouvi contá,
Porque razão nasce roxa,
A flor do maracujá.
Maracujá já foi branco,
Inté lhe posso jurá,
Mais branco que a claridade,
Mais branco do que o luá.
Quando a flor brotava nele,
Lá pras bandas do sertão,
Maracujá mais parecia,
Um ninho de algodão.
Mas, um dia, há muito tempo,
Num mês que não me lembro bem,
Se foi maio, se foi junho,
Se foi janeiro ou dezembro.
Nosso Senhor Jesus Cristo,
Foi condenado a morrê,
Numa cruz crucificado
Longe daqui, como um quê.
Pregaram Cristo a martelo,
E ao ver tamanha crueza
A Natureza inteirinha,
Pois-se a chorá de tristeza.
Chorava os campos,
As folhas, as ribeiras.
Sabiá também chorava,
Nos galhos da laranjeira.
E havia junto à cruz,
Um pé de maracujá,
Carregadinho de flor,
Aos pés de Nosso Senhor.
E o sangue de Jesus Cristo,
Sangue pisado de dor,
Nos pés do maracujá,
Tingia todas as flor.
Eis aqui, seu moço,
A estória que eu ouvi contá,
Porque razão nasce roxa,
A flor do maracujá.
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