domingo, 20 de março de 2016

Damo Espírita

Eu sempre dizia ao Damo, que era espírita sem nunca ter deixado de ser Católico. Ele acreditava nos ensinamentos da Doutrina Espírita, com convicção, principalmente na Lei da Reencarnação. Amava porém o Ritual da Igreja Católica. Gostava de assistir a missa, pela televisão, gostava demais de João Paulo II e lembrava com saudades de sua vida religiosa na Itália, com a família, principalmente em datas como Natal e Páscoa. Ficava irritado com as mudanças que no decorrer do tempo, acontecia com a própria igreja, e com relação a Hóstia ficava indignado de ver as pessoas pegá-las com as próprias mãos. Por outro lado, estudava e compreendia cada vez mais a Doutrina que lhe ajudava no desempenho da própria tarefa, com a Mediunidade que Deus lhe deu. O Damo contava que quando ainda morava em São Paulo, e vivia com muito sofrimento em todo sentido, uma das coisas que mais o atormentava era quando via um espírito que se projetava para ele com a altura do Edifício Comodoro -se não me engano, de dezenove andares- lhe causando um grande pavor. Quando ele via do seu lado a perna do espírito, ele ia subindo o olhar e quando alcançava a altura de sua cabeça, saía correndo, em disparada, derrubando o que estivesse pela frente. Na sua cabeça, ele tinha que correr muito, porque um passo que o espírito desse, o pegaria lá na frente, pelo tamanho de suas pernas. E era nestes momentos que a polícia o detinha, ele apanhava para ser contido, era preso, em seguida levado para a junta de Psiquiatras que cuidavam dele e só acordava após o efeito do sossega leão, que lhe era aplicado. Certo dia, ele estava no cruzamento da Avenida São João, em horário de muito movimento, quando percebeu a presença do espírito ao seu lado. Já se preparava para se jogar entre os carros, no desespero já conhecido, quando sentiu uma mão que lhe segurou pelo braço, lhe pediu que ficasse quieto, que ficasse calmo, que nada ia lhe acontecer. Sem saber explicar como e porque o Damo fechou os olhos, para não ver o espírito, e sentiu-se em segurança com aquela mão lhe segurando o braço. Quando abriu os olhos, percebeu que sobre a Avenida, havia uma outra rua, que passava por cima dos carros e na qual, um homem, o mesmo que lhe segurava o braço, evitando a fatalidade daquele momento, seguia tranquilo. Damo ficou olhando até que ele desapareceu, á distancia. Daí para a frente, nunca mais o Damo viu este espírito. Ele foi levado a cirurgia de Lobotomia, que graças a Deus não aconteceu, fugiu do Hospital, encontrou um enfermeiro espírita, foi para o Congresso de Mocidades Espíritas em Goiânia, daí para Pedro Leopoldo, encontrar-se com Chico Xavier. Chegando em Pedro Leopoldo, havia uma multidão que aguardava a Psicografia do Chico. Damo sentou-se e ficou esperando a sua vez. A noite avançava. Ninguém notara que ele estava ali. Sentiu fome. Fez menção de sair. Levantou-se. O Chico também se levantou, fez um gesto com a mão, para que o Damo esperasse. A madrugada chegou. Quando todos se foram, o Chico foi até onde o Damo estava, deu-lhe um abraço... e naquele momento Damo reconheceu que o homem que lhe salvou de morrer atropelado aquele dia na Avenida São João era Chico Xavier. Tomado de emoção, o Damo só chorava. Chico lhe abraçava e lhe disse; Damo, Damo, meu irmão há quanto tempo eu te espero? E saindo dali, passaram numa padaria, e foram para a casa do Chico. Em lá chegando, este bondoso anfitrião, preparou um pão com manteiga e um chá que o Damo sempre dizia nunca mais ter comido outro igual. E daí para a frente a vida do Damo, no Brasil, só foi melhorando. Por alguns meses ele viajou por várias cidades mineiras. Esteve uns dias em Araguari, com amigos espíritas. E foi de Tupaciguara, Fazenda dos Bálsamos, que o Damo encontrou Palmelo, onde chegou no dia 12 de outubro de 1.958, para nunca mais sair. Ligado ao Centro Espírita Luz da Verdade, aí participou de todas as suas atividades, de forma constante e jamais negligenciada. Com a morte de Jerônymo Cândido Gomide, ele assumiu a Presidência do Centro, visto que na época ele era Vice-Presidente. Deus abençoe os caminhos de cada um de nós.

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